O professor Emilio Lèbre La Rovere (coordenador do LIMA/COPPE/UFRJ) concedeu uma entrevista ao portal de notícia Agence France-Presse (AFP), que fez parte de uma matéria intitulada “Santuários da biodiversidade mundial ameaçados no Brasil". A Agence France-Presse é uma agência de notícia francesa, considerada uma das mais prestigiadas no mundo. Fundada em 1835, constitui, ao lado da Associated Press e da Thomson Reuters, um dos três maiores portais de informações do globo.
Confira a matéria, na íntegra:
Rio de Janeiro, 2 Mai 2019 (AFP) - O Brasil abriga mais da metade da biodiversidade do mundo, mas especialistas advertem que santuários ecológicos como a Amazônia ou o Pantanal são ameaçados por grandes grupos econômicos, que encontraram em Jair Bolsonaro e em sua retórica anti-ambientalista um aliado.
Proprietários de terras que cortam árvores centenárias para o plantio de soja, mineiros clandestinos que poluem com mercúrio os rios vitais para as populações nativas ou traficantes de madeira que dizimam espécies preciosas, a biodiversidade sofre no país-continente.
E o perigo aumentou com a chegada ao poder do presidente Bolsonaro, eleito com o apoio do lobby do agronegócio e que prometeu acabar com “o ativismo ecologista xiita”.
“Envia uma mensagem aos agricultores e especialmente às máfias do crime organizado que ocupam as terras”, lamenta Emilio La Rovere, diretor do laboratório de estudos ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O desmatamento, que havia caído drasticamente na Amazônia de 2004 a 2012, voltou a disparar em janeiro: + 54% em relação a janeiro de 2018, segundo a ONG Imazon.
Embora tenha diminuído em fevereiro (-57%) e março (-77%), 268 km2 de floresta desapareceram no primeiro trimestre. Nos últimos 12 meses, o desmatamento aumentou 24%.
“Antes, nós pegávamos nossa comida diretamente das árvores. Agora, precisamos plantar”, lamentou recentemente o indígena Mojtidi Arara, entrevistado pela AFP na Amazônia. Ele teve que caminhar por uma hora na mata para buscar bananas.
Estádios de futebol
“Projetos de leis preocupantes foram apresentados no Parlamento”, diz Andrea Mello, do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio).
“Um altera o chamado código florestal, com 25 emendas. Uma dessas emendas é extinguir todas as reservas legais. Seria uma área equivalente a três Estados da Bahia”, explica.
A Amazônia tem um número impressionante de espécies: 40.000 plantas, 3.000 peixes de água doce, quase 1.300 aves, 370 répteis.
É um dos últimos refúgios do rei das florestas latino-americanas, a onça pintada, mas também do boto-cor-de-rosa, ameaçados de extinção.
E continua revelando muitos segredos: em 20 anos, 2.200 novas espécies de plantas e vertebrados foram descobertos na zona.
Ainda assim, são superfícies calculadas em “campos de futebol” que desaparecem todos os dias na Amazônia. Essas áreas desmatadas são 80% ocupadas por pastagens, segundo a organização WWF.
Em muitos casos, recém-chegados simplesmente ocupam as terras – incluindo áreas de reservas indígenas e de parques nacionais – com algumas vacas, o suficiente para obter a certificação de “terra produtivas”, que permite a revenda em dez anos.
“Esta é a principal força por trás do fenômeno do desmatamento neste novo ‘Velho Oeste’ selvagem”, diz La Rovere.
No entanto, o Brasil “tem uma superfície de terras cultiváveis suficiente para aumentar a produção até o final do século sem a necessidade de tocar em um hectare de floresta”, defende.
Além disso, o desmatamento contamina os ecossistemas aquáticos e contribui para a mudança climática, emitindo milhões de toneladas de carbono na atmosfera.
Pantanal e Mata Atlântica
Menos famoso no exterior, o Pantanal (centro-oeste) é outro grande santuário de biodiversidade frágil, que possui a maior concentração de vida selvagem da América do Sul e mais de 665 espécies de aves.
O cilo de inundações que cobrem esta imensa planície todos os anos favorece a migração de espécies e a proliferação de peixes, aves, répteis e plantas.
A onça-pintada, a ariranha, a arara-azul, mas também o jacaré ou o grande tuiuiú são as atrações ecoturísticas da região.
Aqui também a biodiversidade está em perigo: desmatamento e erosão do solo, pesticidas dos cultivos de soja, pesca excessiva, represas hidrelétricas que interrompem o delicado ciclo hidráulico, a mineração e a poluição, a caça furtiva e o turismo descontrolado.
Finalmente, a Mata Atlântica é outro grande complexo de ecossistemas de florestas exuberantes que se estende ao longo do litoral de mais de 100.000 km2, de Natal, no norte, até o sul do país, e encontrado mesmo no coração do Rio de Janeiro.
Ao contrário da Amazônia, a vegetação atlântica vem sofrendo a intervenção do homem desde a colonização, depois com plantações de cana de açúcar e café, seguidas pela fragmentação com a urbanização progressiva do litoral.
“Hoje, 20% da floresta amazônica foi desmatada, mas apenas 15% da floresta atlântica sobrevive”, diz La Rovere.
Mas a medida que a Mata Atlântica é reflorestada, espécies em perigo de extinção como o mico-leão-dourado, vão se recuperando.
Por isso é importante continuar o esforço feito principalmente pelos “estados (mais ricos) do Sudeste.
Fonte: https://www.afp.com
A matéria também foi exibida em outros portais de informações:
Isto É - (02/05) - Santuários da biodiversidade mundial ameaçados no Brasil
Destak Jornal - (02/05) - Santuários da biodiversidade mundial ameaçados no Brasil
Dom Total - (02/05) - Santuários da biodiversidade mundial ameaçados no Brasil
UOL Notícias - (02/05) - Santuários da biodiversidade mundial ameaçados no Brasil
Nos dias 4, 5 e 6 de abril, a comunidade universitária da Universidade Federal do Rio Janeiro (UFRJ) escolheu Denise Pires de Carvalho para assumir a reitoria da instituição. A eleição não possui vinculação formal com a decisão final, que deve ser realizada pelo Presidente da República, nesse caso, Jair Bolsonaro. No entanto, tradicionalmente, a decisão popular costuma ser considerada nesse processo.
A chapa 10, eleita em primeiro turno, é composta por Denise Pires de Carvalho, professora do Instituto de Biofísica e por seu vice Carlos Frederico Leão Rocha, professor do Instituto de Economia. O segundo lugar ficou com a chapa 40, apoiada pelo atual reitor da UFRJ, Roberto Leher, e é composta por Oscar Rosa Mattos, da Escola Politécnica da COPPE/UFRJ e pela professora Maria Fernanda Santos Quintela da Costa Nunes, do Instituto de Biologia. A chapa 20, que ficou com o terceiro lugar, é liderada por Roberto dos Santos Bartholo Junior, da COPPE/UFRJ e da Faculdade de Letras e João Felippe Cury Marinho Mathias, professor do Instituto de Economia.
Os votos foram divididos percentualmente entre professores, técnicos e alunos, de forma que cada segmento ficasse com um terço do total. As chapas 10, 40 e 20 tiveram, respectivamente, 24,66%, 17,68% e 4,83% dos votos possíveis. Para ser encerrada no primeiro turno, a chapa em primeiro lugar deveria ter um total de votos superior à soma da votação das outras chapas, mais brancos e nulos.
Durante as eleições, Denise afirmou que o seu foco será manter a universidade aberta, sendo necessária uma revisão e um possível corte nos gastos. Em suas palavras, “é preciso planejar, priorizar e cortar” e posteriormente, se for possível, tentar um aumento de orçamento. Também garantiu uma maior atenção às estruturas da instituição, visto que foi a única candidata dentre os três que atribuiu a culpa do incêndio do Museu Nacional à gestão da UFRJ. Além disso, também salientou os problemas deixados pelos dois outros incêndios que acometeram a universidade, no prédio da Reitoria e no Alojamento Estudantil. O fato dessas consequências ainda não terem sido resolvidas, para Denise, reflete certa negligência da gestão.
No dia 30 de abril, o Colégio Eleitoral da UFRJ se reunirá para compor uma lista tríplice para ser enviada ao Governo Federal para nomeação da Reitoria. Tradicionalmente, as chapas não eleitas costumam abdicar de sua participação nessa lista, respeitando a vontade popular expressa na pesquisa. Porém, outros candidatos podem entrar na disputa mesmo sem ter participado da eleição anterior.
O Laboratório Interdisciplinar do Meio Ambiente (LIMA) recebe o estagiário Alexis Baudin, estudante da pós-graduação no ENS-Cachan / CIRED, com pesquisa focada em "Environmental, Social and Economic impact assessment of contrasted energy scenarios in Argentina". Para cumprir com o estágio, Alexis passará um mês no Centre International de Recherche sur l'Environnement et le Développement (CIRED), na França, e cinco meses no LIMA de abril até o final de agosto de 2019.
A partir de Abril de 2019, acontecerá o curso de extensão "Gestão em energias renováveis", que contará com a presença do Prof. Dr. Emilio Lèbre La Rovere, coordenador do LIMA e a Profa. Dra. Carolina Dubeux, pesquisadora do LIMA em Pós-Doutorado no PPE/COPPE/UFRJ, como parte do corpo docente, lecionando sobre Gestão Ambiental e Comércio de Emissões. O curso tem como objetivo formar profissionais com uma visão ampla sobre as tecnologias de geração de energia por fonte renovável e proporcionar a estes, ao final do curso, os conhecimentos e as aptidões úteis para resolver problemas práticos e desenvolver projetos no âmbito do aproveitamento das fontes renováveis de energia. Orienta-se, portanto, a atender às necessidades formativas específicas na área de geração e distribuição de energia elétrica a partir de fontes e tecnologias de aproveitamento dos recursos renováveis, com ênfase nas tecnologias solar, eólica e biomassa, além dos conhecimentos necessários para a comercialização das referidas fontes de energia.
Informações gerais:
Local: Centro do Rio de Janeiro;
Início: Abril de 2019;
Dias e horários: Terças e Quintas (18h às 22h).
Principais características do curso:
Turmas de 15 a 30 alunos;
Ao término do curso de aperfeiçoamento será fornecido ao aluno um certificado de conclusão emitido pela COPPE/UFRJ e uma certificação pela AHK Rio de Janeiro, observando-se a frequência mínima de 75% e aproveitamento com nota mínima 7 (sete) nas avaliações de cada módulo de atividades acadêmicas e também no Trabalho de Monografia.
Para saber mais sobre o evento, acesse AQUI.
Do contrário do que geralmente se pensa, a maior parte da emissão de gases poluentes não vem dos transportes, mas sim da eletricidade produzida, que totaliza ¼ ou mais do total de emissões. Em Outubro de 2018, um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) foi criado por diversos cientistas renomados ao longo do globo e nele consta uma informação preocupante: se as emissões de gases poluentes não foram reduzidas rapidamente, haverão sérias consequências para o mundo e sua população.
Segundo o The Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), o aumento na temperatura terrestre, provocado pelo lançamento de poluentes na atmosfera pode causar inundações, secas e eventos de calor ainda mais frequentes, e se esse crescimento não for freado, pode a resultar em extremos e irreversíveis danos ao planeta. Nessa perspectiva, Philip DeFranco, no vídeo “The Invisible NOW Problem And How Different Countries Are Fighting It...” traz para a discussão algumas considerações sobre a produção de eletricidade e como seus efeitos estão diretamente relacionados com essa problemática. Além disso, mostra como diferentes países lidam com a questão, sendo eles a Islândia e o Brasil, além de contar com o exemplo do Estado do Texas, nos EUA, como um grande exemplo de grande potencial em renováveis.
A Islândia tem sua produção elétrica efetivamente 100% renovável. Seu território é formado por prolíficas geleiras (compõem 11% da área) e quase duzentos vulcões ativos (por conta da sua localização que atravessa a área em que duas placas tectônicas estão se afastando). Essa combinação o uso de uma mistura de energia hidrelétrica e energia geotérmica. Assim, com a energia hidrelétrica, a Islândia perfaz ¾ da produção total de energia, que é destinada para residências, indústrias e empresas. A energia geotérmica é responsável pelos outros 1/4, atendendo a outros serviços de menor expressão. No entanto, nem sempre o país teve essa produção robusta de energia. Esses avanços só ocorreram quando a Islândia decidiu que não queria continuar sendo dependente do petróleo exterior. Assim, investiram fortemente na produção de energia, aproveitando as condições geográficas que seu território dispõe. A ONU, a partir disso, publicou um relatório que descreve o sucesso do país em renováveis.
Para falar sobre a situação da energia renovável no Brasil, Philip DeFranco contou com a participação ilustre do Prof. Dr. Emilio Lèbre La Rovere, professor Titular do Programa de Planejamento Energético (PPE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Com a segunda maior hidrelétrica do mundo, o Brasil tem uma base hidrelétrica forte para geração de energia. O professor destaca a dificuldade de tornar a energia hidrelétrica sustentável, principalmente quando uma onda de mudança climática atinge o mundo e consequentemente o Brasil, que é cenário de períodos de seca, que prejudicam o curso dos rios e interfere paralelamente no processo de geração de energia. Além disso, há outro problema é a questão do desgaste ambiental. Com isso, as propostas de construções de barragens na Amazônia, para fomentar a exploração da energia hidrelétrica, podem afetar diretamente os ecossistemas nativos daquele espaço. Isso salienta que há uma falta de grave de políticas energéticas no país. Em tese, apesar de animadora, a forte produção de eletricidade renovável no Brasil também gera um alto custo ambiental a ser pago.
Em seguida, Philip DeFranco chega ao exemplo do Texas, o maior consumidor de eletricidade dos EUA. O Estado possui uma riqueza de recursos energéticos, que é expressa em uma grande produção de petróleo e gás natural, que torna o Estado um dos principais produtores mundiais (até mesmo sem considerar o resto dos EUA). Outro traço relevante é seu vasto potencial de energia eólica e solar, além de se consagrar como o maior consumidor de eletricidade do país. A localização do Estado, assim como os outros exemplos citados, é bastante favorável para que esse aproveitamento da energia renovável seja, de fato, efetivo, mas não é o único fator que permite isso. O investimento pesado nessas bases de geração de energia é tão importante quanto.
Philip DeFranco e o Prof. Dr. Emilio Lèbre La Rovere concluem, com base na forma em como a Islândia, o Brasil e o Texas enfrentam a questão da geração de energia renovável, que para melhorar o potencial de geração de energia renovável não basta apenas ter uma posição geográfica favorável, mas sim investir nessa estrutura. Os custos são altos, mas o professor garante que é extremamente necessário encarar essa tarefa com um aproveitamento gerado a longo prazo. Assim, talvez, os efeitos negativos da geração de energia possam ser refreados. O planeta agradece.
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